segunda-feira, janeiro 22, 2007

Os anjos não choram


os anjos choram...



sangram nas rosas rubras de beleza de um arfar


os anjos desmaiam em sombras afiadas


tingindo os lençóis inanimados que cobrem a Morte


dormindo sonhando numa candura profunda o Amor



os olhos



abandonados ao vento


brilhando luz e veias de pavor e sussurros


refrescando-se no teu rosto cratera que tudo cerca


pulsando um esperma secreto de um Pã demente



numa penumbra árdua e ardente


torno-te transparente


e viva em golfadas de paisagens


que crescem


que cortam a noite que se abre sobre a fenda azul


que são



teus olhos

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